ós perder o irmão de 30 anos em decorrência da Aids, Roseli Tardelli, 53 anos, sentiu que, como jornalista, precisava dar uma contribuição diferente à sociedade. Foi então que, em maio de 2003, fundou uma agência de notícias especializada em divulgar informações sobre a doença. Na época, ela e seus parentes protagonizaram uma briga pública para que o plano de saúde pagasse o tratamento médico. A batalha foi ganha, mas a satisfação pessoal não veio. Em meio a isso, Roseli começou a sentir que o jornalismo tradicional não fazia mais sentido.
No ano passado, em parceria com Cristina SantAnna, Roseli escreveu o livro O Valor da Vida 10 anos da Agência Aids, narrando a história de criação da agência, responsável por produzir, reproduzir e repercutir reportagens, matérias e conteúdos relacionados ao HIV, além de orientar a imprensa com relação ao tema. Atualizado diariamente, o portal conta com o financiamento do Senac e da Câmara Municipal de São Paulo e tem o apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e do Governo do Estado de São Paulo.
Quando vivenciamos nossa impotência em relação a uma doença ou uma pandemia como é a questão da Aids, reorganizamos alguns valores. Hoje sou mais humana, tenho mais cuidado com as pessoas. Aqui na agência, nós não temos olhares de censura ou julgamento, diferente do que aconteceu na mídia nos anos 1980, conta Roseli, referindo-se à forma como o assunto era tratado pela imprensa quando a doença foi descoberta. Era o câncer gay.
Entre os desafios enfrentados para a implementação do projeto, um se destaca: Muitos pensam que a empresa é uma ONG e não é nada disso. Somos uma agência de notícias que quer tentar trazer a pauta da Aids de novo para os cotidianos das grandes redações, dessa vez com um viés um pouco mais solidário, humano e responsável. Estamos tratando de uma doença que afeta 32 milhões de pessoas em todo mundo, conta a jornalista.
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