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Lama avança 15 km ao Norte do mar no ES e 700 peixes aparecem mortos

Ao leste, mar a dentro, a extensão é de 5 km e para o Sul são 7 km. Secretário de Meio Ambiente diz que dimensões mudam com o vento

Barreira foi usada para conter lama, mas não funcionou (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)

A lama oriunda do rompimento da barragem da Samarco, cujos donos donos são a Vale a anglo-australiana BHP Billiton, já adentrou cerca de 15 km para o Norte do mar do Espírito Santo,  segundo informou o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), nesta terça-feira (24). Ao leste, mar a dentro, a extensão é de 5 km e para o Sul são 7 km.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, as dimensões são alteradas conforme a mudança dos ventos. “Nos últimos dias, o que predominou no estado do Espírito Santo foi o vento sul e, por isso, a lama tomou essas extensões. Mas isso tudo pode mudar com a mudança dos ventos”, falou Júdice.

O Ibama informou que, desde que a lama chegou ao estuário, mais de 700 peixes foram recolhidos mortos. Um navio da Marinha vai ser enviado às praias de Linhares para tentar conter os estragos causados pelos rejeitos de mineração da barragem da Samarco.

A respeito das análises da qualidade da água presente no Rio Doce, o secretário destacou que existem dois tipos diferentes, sendo um relativo à potabilidade e outro que diz respeito aos danos ambientais. O resultado que se obteve, até o momento, foi sobre as condições da água para consumo.

“As análises que já foram feitas apontam que não há metais pesados, como o mercúrio. Existe ferro, manganês, fósforo e isso é normal, porque toda água possui esses elementos. O que prejudica a potabilidade é a quantidade deles. Podemos dizer que turbidez da água já alcançou padrões muito maiores, inclusive, em chuvas torrenciais aqui no estado”, destacou Júdice.

Já o exame da água para efeitos ambientais foi solicitada pelo Iema e está em processo de execução. Segundo o secretário, ainda não foi finalizada, pois aguarda o fluxo dos sedimentos do rio para o mar. “Temos que confrontar análises de antes e as de depois, mas os sedimentos continuam chegando, entrando no mar, então temos que esperar”, falou.

Mesmo sem resultado, Júdice ressaltou que os efeitos danosos ao meio ambiente já são visíveis, dada a quantidade de peixes mortos já registrada.

“A turbidez permite que os elementos se sedimentem no fundo do rio e do mar e afete os 

organismos bentônicos, que são aqueles organismos primários da cadeia alimentar. Isso impede que a cadeia alimentar tenha seu fluxo normal. A turbidez impede que a luz chegue ao fundo do mar e os animais dependem dela. Tudo isso já pode ser percebido independente de amostra”, explicou.

Mar de Regência é tomado por lama de barragem da Samarco (Foto: Fernando Madeira/ A Gazeta)

Empregos em AnchietaPreocupado com o emprego de mais de 1 mil trabalhadores e as atividades de comércio e serviços locais, o prefeito de Anchieta, Marcus Assad, protocolou um documento pedindo para que a Samarco mantenha os empregos dos funcionários nos próximos 12 meses, no Espírito Santo.

A empresa foi procurada nesta terça-feira (24) e disse que usará o tempo de licença remunerada e férias coletivas para avaliar a situação e as decisões relativas ao tema serão comunicadas aos empregados.

MPT dá prazo para SamarcoO Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES) deu prazo até 2 de dezembro para que a empresa Samarco apresente um plano para manutenção dos empregos da unidade de Ubu, localizada no município de Anchieta e que tem funcionamento interligado às atividades de Mariana (MG).

A determinação ocorreu nesta segunda-feira (23) em audiência pública conduzida pelos procuradores do Trabalho Carolina de Prá Buarque e Bruno Borges, com a participação de representantes da mineradora, de sindicatos e prestadoras de serviço.

O órgão diz que “o plano emergencial de manutenção de emprego deve prever a preservação da renda dos trabalhadores que desempenham atividades junto à unidade industrial de Ubu/Anchieta, sendo contratados diretos ou terceirizados”.Água suja em LinharesAlguns moradores de Linhares, no Norte do Espírito Santo, perceberam uma coloração diferente na água ao abrir a torneira de casa, nesta segunda-feira (23). O município não é abastecido pelo Rio Doce, mas há somente uma barreira que separa a água turva da água que corre no Rio Pequeno, responsável por abastecer Linhares. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Linhares garante que a água do Rio Pequeno não está contaminada pela lama.

Samarco, em Ubu, Anchieta (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Ação na JustiçaO governo do estado tem 15 dias para entrar com uma ação na Justiça contra a mineradora Samarco. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, o prazo se deu a partir da propositura da ação cautelar, responsável pelas sanções já impostas à empresa, como o recolhimento de peixes e o plano de comunicação com as comunidades.

Foz do Rio Doce, em Regência, Linhares (Foto: Fabrício Christ/ TV Gazeta)

Colatina interrompe captaçãoA captação de água no Rio Doce, em Colatina, na região Noroeste do Espírito Santo, voltou a ser interrompida, por volta das 22h desta segunda-feira (23). Uma última análise realizada por engenheiros do Serviço Colatinense de Meio Ambiente e Saneamento Ambiental (Sanear) encontrou uma maior turbidez da água após a chuva.

Estamos realizando análises constantemente da água do Rio Doce. Devido à chuva, a turbidez ficou mais complexa, gerou uma instabilidade da turbidez. Nosso procedimento é o seguinte: a gente trata um pouco da água, faz o teste e analisa se é possível continuar o tratamento. Ontem, a água parou no processo da análise, explicou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Colatina.

Ainda segundo a prefeitura, os engenheiros e técnicos do Sanear realizam análises constantes do material e apenas prosseguem com o abastecimento quando há certeza da qualidade da água. Hoje nós vamos fazer outras análises para ver se é possível liberar, estamos esperando também algumas análises de laboratórios particulares, concluiu.

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