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José Rico, da dupla com Milionário, morre aos 68 anos

Em mais de quatro décadas dedicadas à música, artista elevou popularidade das canções sertanejas

Morreu na tarde desta terça-feira, 3, aos 68 anos, o cantor e compositor sertanejo José Rico, da dupla com Milionário. Vítima de infarto, o músico pernambucano havia sido internado nesta manhã em um hospital de Americana, interior de São Paulo, com complicações cardiácas e renais. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da dupla.

Com trajetória que ultrapassa quatro décadas, o duo está entre os responsáveis pela onda de popularização do gênero musical entre os anos 1970 e 1980 — em parte graças ao flerte de José Rico com ritmos latinos, especialmente as canções populares do paraguai e instrumentos do folclore cigano.Nascido em 1946 no interior de Pernambuco e criado até a juventude no Paraná, José Alves dos Santos migrou ao fim da década de 1960 para São Paulo, onde conheceu o mineiro Romeu Januário de Matos, que mais tarde assumiria o nome artístico de Milionário.

José adotou o Rico como apelido em homenagem à pequena cidade paranaense de Terra Rica, que considerava sua terra natal. Chegou a incluir a palavra como sobrenome oficial, registrado em cartório. Mais tarde, seus vibratos e entonação inconfundível lhe renderiam a alcunha de o garganta de ouro do Brasil.

José Rico chegou à capital paulista em busca de profissionalização como cantor, apesar de ter se arriscado na carreira de jogador de futebol ainda na adolescência. Tendo como inspiração o carioca Miltinho, chegou a formar algumas duplas enquanto vivia no Paraná, mas mudou-se para a metrópole em busca de oportunidades maiores como intérprete. Com poucos recursos e sem conhecidos, hospedou-se em um dos hotéis baratos que eram refúgios para artistas anônimos na região paulistana conhecida como Boca do lixo. Ali conheceu o mineiro Romeu, também recém-chegado à cidade, de quem tornaria-se o nono parceiro musical.

As primeiras aparições da dupla incluem o Show de calouros apresentado por Silvio Santos no início dos anos 1970. A princípio, os artistas apresentavam-se como José Rico e Tubarão, até que o mineiro de Monte Santo teve a ideia de assumir-se como Milionário em referência ao apelido do parceiro. O próprio cantor também aponta seu nome artístico como uma releitura bem-humorada do popular Carnê Milionário do Baú, uma febre à época.

O primeiro compacto, produzido de maneira independente e com prensagem paga pelos artistas, ganhou notoriedade graças à faixa De longe também se ama, composição de José Rico. Em 1973 foram contratados por um selo da gravadora Continental, por onde  lançariam Ilusão perdida (1975), álbum que rendeu o sucesso Amor pra quem te amo. Já na estreia, alcançaram disco de ouro. Seguiram-se outras gravações, às dezenas — são mais de 30 trabalhos em estúdio — sempre com vendas inabaláveis entre os amantes do sertanejo.

Estrada da vida

O ápice da popularidade, contudo, só chegaria no quinto disco da dupla, com a gravação de Estrada da vida. Lançada em 1977, a canção de José Rico tornou-se um sucesso definitivo, marcando a trajetória dos músicos e tornando-se referência entre os intérpretes do gênero.

Com mais de 2 milhões de cópias vendidas, a faixa inspirou o título de Na estrada da vida (1980), filme que narra a trajetória do duo. Dirigido por Nelson Pereira dos Santos (Rio, 40 graus e Vidas secas), o longa contou com Milionário e José Rico interpretando a si próprios, em elenco completo por Nádia Lippi e Turíbio Ruiz. A produção foi premiada no Festival de Brasília e chegou a ser exportada para circuitos internacionais, incluindo a China, onde os brasileiros cultivavam uma considerável e inusitada legião de fãs.

Os sertanejos ainda retornaram às telonas em 1988 como estrelas do longa Saudade de minha terra, dirigido por Ney Santanna, filho de Pereira dos Santos. No drama musical, Milionário e José Rico são vítimas do golpe de um empresário e perdem todo o patrimônio. Fugindo da polícia, contam com a ajuda de uma caminhoneira (Marcélia Cartaxo) na busca por um deputado que pode salvá-los das complicações.

Os sertanejos ainda retornaram às telonas em 1988 como estrelas do longa Saudade de minha terra, dirigido por Ney Santanna, filho de Pereira dos Santos. No drama musical, Milionário e José Rico são vítimas do golpe de um empresário e perdem todo o patrimônio. Fugindo da polícia, contam com a ajuda de uma caminhoneira (Marcélia Cartaxo) na busca por um deputado que pode salvá-los das complicações.

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