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Paulo Roberto Costa diz à CPI que fica calado e rejeita sessão secreta

Ex-diretor da Petrobras foi trazido do Paraná, onde está preso, para depor.Em delação premiada, ele teria apontado políticos envolvidos em corrupção.

(Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou nesta quarta-feira (17), em sessão da CPI mista da Petrobras, que não responderá a perguntas de parlamentares.

Indagado pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se aceitaria participar de uma sessão secreta, disse que a sessão pode ser aberta, mas que não daria declarações.

“Acho que pode ser a sessão aberta, mas permaneço com a mesma posição, de nada a declarar”, respondeu Costa.

Mesmo diante do propósito do depoente de ficar em silêncio, a CPI decidiu que os parlamentares poderiam fazer perguntas.

O primeiro a formular questões foi o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS). A todas as seis questões de Maia, Costa afirmou que não tinha nada a declarar ou que se manteria calado.

Após uma intervenção do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que afirmou que não se justificava a manutenção das perguntas diante da disposição do depoente de não responder, os parlamentares iniciaram um debate sobre a conveniência de manter a sessão aberta.

Com apoio da oposição, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), apresentou um requerimento a fim de transformar a sessão em uma reunião fechada – uma tentativa de convencer o ex-diretor a falar o que sabe aos parlamentares.

“Essa é uma tentativa de tirar alguma informação do senhor Paulo Roberto Costa, já que na sessão aberta ele não falará nada”, argumentou Carlos Sampaio. “O evento de hoje, o do ‘nada a declarar’, vai manchar a imagem deste Congresso Nacional”, disse o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN).

Parlamentares do PT insistiram na sessão aberta a fim de se evitar “versões” do depoimento de Costa. “Não existe sessão secreta neste Congresso Nacional. Tudo o que acontece em sessões fechadas é revelado lá fora”, disse o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). “A sessão fechada só serviria para a construção de versões. Isso não serve à democracia”, completou a deputada Iriny Lopes (PT-ES).

Por dez votos a oito, a proposta de sessão fechada foi rejeitada pela maioria do plenário da CPI.

Delação premiadaPaulo Roberto Costa fez um acordo de delação premiada e, em depoimentos à Polícia Federalem Curitiba, onde está preso, teria delatado políticos que teriam envolvimento com um suposto esquema de corrupção na Petrobras.

Na manhã desta quarta, Costa foi trazido de avião por policiais federais, de Curitiba, para prestar depoimento, após ter sido convocado pela CPI.

Costa foi preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro em todo o  país. Ele é suspeito de intermediar contratos entre a Petrobras e empresas de fachada, algumas delas ligadas ao doleiro Alberto Youssef, também preso pela PF.

A CPI mista decidiu ouvir o ex-diretor depois que vieram à tona detalhes do depoimento que ele prestou ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada.

Segundo reportagem da revista Veja, durante seus depoimentos aos procuradores da República, Paulo Roberto Costa teria delatado três governadores, seis senadores, um ministro e, pelo menos, 25 deputados federais supostamente beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal.

Esta é a segunda vez que Costa vai ao Congresso Nacional para dar explicações sobre denúncias de irregularidades na Petrobras.

Em 10 de junho, o ex-dirigente prestou depoimento à CPI exclusiva do Senado sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, operação suspeita de superfaturamento que motivou a criação dos colegiados. Na ocasião, ele negou ter utilizado a petroleira para se beneficiar e disse que a empresa não é uma casa de negócios.

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